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El Coyote- Obituário 2017

“A única forma de lidar com um mundo não livre é tornar-se tão absolutamente livre

que o mero fato de você existir já represente um ato de rebelião”.

(Albert Camus)

2017 foi o ano em que os fascistas perderam a vergonha na cara e encontraram em pretensos líderes palavras de aprovação e conforto.
O ano em que a intolerância voltou a fixar seus amplificadores no topo das torres do xadrez político.

É certo que o mundo tem se tornado um lugar perigoso e nada indica que 2018 será um ano melhor (pelo contrário). Em verdade vos digo: será ainda mais perigoso para os que desafiam o sistema e para os que desafiam qualquer forma de autoritarismo.

Entretanto, se existem ainda razões para ter esperanças em um mundo melhor, estas esperanças residem nos rebeldes e nos inconformados; nos homens e mulheres que acreditam na transformação da sociedade. Os que ainda são capazes de chorar pelos menos favorecidos e que buscam o bem do próximo botando a própria vida em risco.  Pessoas que enxergam o povo como um coletivo e não como indivíduos competindo entre si com o único objetivo de acumular coisas até a morte.
Aliás, para estas pessoas de que falo aqui, as “coisas” não importam quando o custo de produzi-las é a morte de milhares de inocentes.

Muitas destas pessoas especiais nos deixaram este ano. Algumas delas  foram vítimas do estado, outras do neofascismo, outras da ganância dos poderosos. E ainda tivemos as que passaram por tudo nesta vida e viveram o bastante para nos contar sua história.

Enfim, são as pessoas que caminharam pela grama na qual os endinheirados fixaram placas de “proibido” as que valem a pena homenagear.

ISIDRO BALDENEGRO

I

 

Isidro Baldenegro foi um produtor rural e líder da comunidade  indígena Tarahumara, no México, sendo um dos militantes pela causa ambiental mais proeminentes de seu país.

Quando jovem,  Baldenegro testemunhou o assassinato de seu pai quando este tomou posição contra a exploração madeireira. Em 1993, ele fundou uma ONG de base para combater o desmatamento, o que atraiu atenção nacional.

Em 2002, Isidro organizou uma série de bloqueios e marchas que obrigaram o governo a suspender temporariamente a exploração madeireira. Um ano depois ele foi preso por 15 meses por acusações de posse de armas e de drogas.

Representantes de organizações de direitos humanos afirmam que esta detenção foi fabricada por uma rede de funcionários do estado, proprietários de terras e criminosos envolvidos na exploração de madeira.

Em 2005, Baldenegro ganhou o prestigiado prêmio ambiental Goldm.

O líder indígena havia retornado recentemente à sua aldeia natal após  receber várias ameaças de morte, não apenas contra ele, mas também contra sua família.

Até que em 2017 se tornou o  segundo ganhador do Prêmio Goldman a ser assassinado em menos de um ano. Isidro Baldenegro foi  morto com seis tiros na porta da casa de sua tia, em uma pequena comunidade nas montanhas de Chihuahua no norte do México. 

A militante hondurenha Berta Caceres, que ganhou o prêmio em 2015, pela batalha contra a construção de uma barragem que ameaçou deslocar as comunidades indígenas (e que também ganhou o premio Goldamn), foi morta em março de 2016.

SANTIAGO MALDONADO

 

Santiago Andres Maldonado  foi um artesão, desenhista, tatuador e anarquista argentino. Embora Maldonado seja sempre lembrado pela imprensa argentina como um ativista da causa Mapuche. Sergio Maldonado, irmão de Santiago, conta que seu irmão “nunca foi um ativista ou pertencente a qualquer movimento politico, mas que se solidarizava em caráter individual com causas que lhe pareciam justas”, e foi por esta razão que ele passou a participar em ações diretas, em defesa do povo Mapuche na Patagônia, estando presente em diversas manifestações.

Os indígenas Mapuche tem  lutado pela recuperação de suas terras, que foram compradas pela empresa têxtil  Benetton nos anos 90.

Em 1º de agosto de 2017,  policiais da gendarmería  (força policial argentina de caráter militar e nacional), cumpriram  uma ordem de despejo informalmente solicitada pelo Grupo Benetton. Além de atirarem com balas de borracha, os policiais trancaram mulheres e crianças em uma cabana enquanto queimavam seus colchões, cobertores e brinquedos. Denuncias de moradores locais também dão conta de que os policiais teriam bloqueado o acesso ao local, não deixando que ambulâncias e  membros de organizações de direitos humanos passassem. 
Anteriormente, mas no mesmo contexto desta repressão, a noticia de que a operação seria executada pela policia chegou até os mapuche. A comunidade decidiu então que não deixaria passar ninguém. Um grupo pequeno se organizou, bloqueando a estrada que dava acesso ao local com pinheiros e passou a informar aos motoristas do que estava acontecendo.
Ao constatar que as várias caminhonetes da policia que se aproximavam não iriam parar neste bloqueio testemunhas relatam que os indígenas fugiram atravessando um rio.
Mas Santiago Maldonado (que estava presente nesta ação) não sabia nadar. Segundo testemunhas, os oficiais da gendarmeria o pegaram escondido entre arbustos e após uma surra o levaram em uma caminhonete branca.  Santiago Maldonado foi encontrado morto no rio Chubut em 17 de Outubro de 2017. Sua morte gerou grande comoção e protestos com milhares de adeptos tomaram as ruas exigindo justiça pela morte do anarquista.
Apesar de peritos oficiais tenham dado como causa da morte afogamento e hipotermia (contrariando a versão das testemunhas), a família e os amigos de Santiago estão em uma batalha para que seja feita uma pericia particular, pois um assassinato recairia sobre o estado Argentino e a multimilionária Benetton.
RAFAEL NAHUEL

 

 Rafael Nahuel foi um indígena mapuche da comunidade  Lafken Winkul Mapu, assassinado em uma operação policial da prefeitura naval autorizada pelo juiz Gustavo Villanueva, com o apoio de forças de segurança nacional, em Villa Mascardi, na província argentina de Río Negro em circunstancia parecida com a que ocorreu o desaparecimento de Santiago Maldonado.

  “Mais do que uma operação repressiva, foi uma caça racista”, disse o advogada Natalia Araya, também representante da Assembléia Permanente dos Direitos Humanos. 

Rafael Nahuel, conhecido também como “Rafita” era  ferreiro e carpinteiro,  profissões que aprendeu graças a um programa social de uma ONG católica.

Teve uma história familiar marcada por conflitos dolorosos e vivia de bicos.

A autopsia no corpo de Nahuel determinou que o calibre do projétil corresponde ao utilizado pela patrulha de Albatros, grupo de elite da policia argentina, que usava metralhadoras MP5, bem como armas com cartuchos de borracha e bombas de efeito moral.

O Ministério da Segurança Nacional da Argentina, encabeçado por Patricia Bullrich, exerceu uma forte defesa dos procedimentos da policia, de forma semelhante à seguida após o desaparecimento de Santiago Maldonado. “Foi uma ação legal e legítima contra uma ação ilegal, violenta e inaceitável para a democracia de um povo que quer viver em paz”, afirmou a ministra. Bullrich acrescentou que “confia na investigação judicial para demonstrar que [a policia e a prefeitura] agiu sob todas as medidas operacionais e protocolos utilizados em um confronto armado”.

A policia tem apresentado a tese de quem havia armas de fogo com os Mapuche. Porém isso é negado pelos indígenas, até o momento, o grupo de Mapuches conhecido como RAM (Resistência Ancestral Mapuche) liderado por Facundo Jones Huala, (que está preso em Esquel acusado de incendiar um latifúndio em 2013),  tem reagido as repressões policiais, porém, ao que se tem noticia, apenas com a utilização de pedras.

HEATHER HEYER
Heather Heyer foi uma militante anti-fascista dos Estados Unidos, vítima fatal da violência que tomou conta das  manifestações em oposição as marchas de cunho nazi-fascista que tomaram conta de Charlottesville (Virginia),  e que ganharam as manchetes no mundo inteiro em 2017.

Assistente jurídica, nascida no Estado de Virgínia, Heather era militante pelos direitos civis e, apesar de  não estar ligada a nenhum grupo especifico, é descrita por amigos como uma pessoa com grande consciência social e ativa em causas humanitárias, como, por exemplo, a de ajudar pessoas em situação de rua.

Ela morreu após ser atropelada por um carro que avançou contra a multidão que participava de um  protesto anti-fascista.

Horas após o incidente, um militante da extrema-direita chamado James Alex Field foi preso e acusado de homicídio doloso (com intenção de matar).

A colisão deixou pelo menos outros 19 feridos.

A morte de Heather causou comoção de milhares de pessoas ao redor do mundo. O presidente dos EUA Donald Trump se pronunciou afirmando, na época, que “há culpa dos dois lados” gerando revolta por parte de qualquer pessoa com o minimo de sensatez.

A mãe de Heather Heyer, Susan Bro, disse ao site HuffPost que sua filha fora protestar contra a marcha supremacista porque  “Ela sempre teve um forte senso de certo e errado. Ela sempre, mesmo quando criança, era levada pelo que acreditava ser justo”. 

Em sua penúltima publicação no Facebook, em outubro de 2016, ela compartilhou o link do vídeo If you are scared of Islam, meet a Muslim (“Se você tem medo do Islã, conheça um muçulmano”), no qual muçulmanos trazem mensagens de paz e contra o ódio à religião.

A sua última postagem foi a frase “Se você não está indignado, então não está prestando atenção”. 

SIMON CHAPMAN

Johnny Void do Freedon News escreveu que o  movimento anarquista de Londres teria sido muito diferente sem Simon Chapman.

Desde o Movimento Contra a Monarquia aos Wombles, até o Primeiro de Maio. Simon era uma presença ativa tanto nas ruas como nos bastidores de movimentos anarquistas britânicos. Inúmeros panfletos foram produzidos por ele ao longo de seus anos de militância.Além disso ele ajudou a organizar dezenas de shows, festas, campanhas e manifestações.

Em 2003, Chapman foi preso durante um ataque  da polícia em um protesto anticapitalista frustrado em Tessalônica, na Grécia.

Na ocasião foi alegado que ele estava carregando coquetéis molotov em sua mochila e ele foi mantido em prisão preventiva com acusações que poderiam ter resultado em 20 anos de prisão. Seis outras pessoas também foram presas e acusadas em circunstâncias semelhantes. Todos negaram as acusações. Logo surgiram provas fotográficas que mostravam que a mochila que a polícia alegava que Simon estava carregando não era a mochila com a qual ele foi preso.

Todos os detidos em Tessalônica  foram espancados violentamente após as prisões. Apesar destes abusos, o governo do Reino Unido não ajudou Simon, nem os outros.  Então os prisioneiros tomaram a única ação disponível a eles, começaram uma greve de fome.

Uma campanha militante a nível continental na Europa emergiu rapidamente exigindo que os sete prisioneiros fossem libertados. Embaixadas gregas foram bloqueadas em todo o continente euroupeu e, em alguns casos, atacadas e ocupadas. Em Barcelona, ​​o metrô foi fechado durante um dia internacional de ação em solidariedade aos 7 prisioneiros.

No Reino Unido uma campanha implacável visou a embaixada grega. Partes da Universidade de Atenas foram ocupadas repetidamente, enquanto ferozes manifestações por toda a Grécia resultaram em mais prisões.

No final, Simon não comeu por quase sete semanas.

Todas pessoas em greve de fome foram hospitalizadas repetidamente, por estarem com a saúde já debilitada.   Em 2008 Simon foi considerado culpado de uma sequência de acusações, incluindo “rebelião diferenciada” e  posse e uso de explosivos. Ele foi condenado a oito anos e meio de prisão.

Frente a pressão da mídia e do medo da criação de mártires, todos os prisioneiros foram libertados em 6 de novembro de 2003. E Simon Chapman voltou ao Reino Unido.

Entretanto, sob a ameaça de um mandado judicial da polícia europeia, Simon foi forçado a retornar a Tessalônica em 2010 para apelar a condenação. No julgamento seguinte as evidências policiais foram repetidamente demolidas pelas equipes de defesa. O caso terminou em humilhação para o promotor com todas as acusações derrubadas para todos os quatro réus com exceção de um veredito de “leve desacato à autoridade”. Este delito foi suficiente para justificar o tempo que os acusados ​​tinham passado na prisão, embora a sentença de seis meses tenha sido suspensa e Simon mais uma vez pode voltar para casa.

Nos últimos anos a saúde de Simon vinha se deteriorando, sofreu com cortes de benefícios sociais, assessoria jurídica,  o que o deixou à mercê da especulação imobiliária de Londres.

ABU THURAYA

Ibrahim Abu Thuraya foi um militante palestino que foi morto ao ser atingido pelas forças armadas israelenses durante a onda de protestos que tomou conta da região onde se localiza Israel e Palestina após o anuncio do presidente dos Estados Unidos (Donald Trump) de que iria reconhecer a cidade histórica de Jerusalém como capital do estado sionista criado em 1948 através de resolução da ONU.

As manifestações de Thuraya eram geralmente pacificas. Ele trabalhava lavando carros e vivia no campo de refugiados Shati na cidade de Gaza, perdeu suas duas pernas  em um ataque aéreo durante a Operação Chumbo Fundido em 2008. Ele utilizava uma cadeira de rodas para se locomover.

Thuraya se tornou um dos maiores símbolos da recentes da luta dos palestinos ao ser alvejado por um atirador de elite Israelita.

O exército de Israel justificou o assassinato com a afirmação de que o militante o atacou um soldado com uma faca.

Apenas durante esta ofensiva para conter manifestantes palestinos, as forças israelenses na fronteira de Gaza deixaram outros 3 mortos e ao menos 82 feridos, cinco deles graves, informou o Ministério da Saúde de Gaza.

NUJIYAN ERHAN

Tuba Akyılmaz também conhecida pela alcunha de Nuzhian Arhan foi uma jornalista e militante da resistência feminina curda. Ela foi gravemente ferida no dia 3 de março na cabeça, após o ataque de um atirador na cidade de Sinjar, no norte do Iraque.

A jornalista enfrentou confrontos entre as forças do Partido Democrata do Curdistão (KDP) e as unidades de resistência (YBS). Aliada ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) ela sucumbiu aos ferimentos no dia 22 de março de 2017 em um hospital em Hassaké, no norte da Síria, onde estava sendo tratada.

Como  repórter Nuzhian  cobriu os acontecimentos em Sinjar e a resistência dos Yazidis.

Nos últimos anos era correspondente do site feminista Sujin e da agência RojNews.

MEHMET AKSOY

Mehmet Aksoy  (Fîraz Dağ) foi um cineasta  que se juntou a resistência Curda documentando suas ações e trabalhando como assessor de imprensa  das unidades de proteção Popular (YPG) em Raqqa, na Siria.

Ele nasceu em Istambul na  Turquia. Mas quando  tinha apenas quatro anos sua família mudou-se para Londres, onde cresceu e foi educado.

Ainda adolescente Aksoy começou a ir ao Centro Comunitário Curdo em Londres,  ficando cada vez mais consciente a respeito da luta curda no Oriente Médio.

Após obter um diploma em cinema na Queen Mary University of London em 2007, Mehmet trabalhou como editor do site Kurdish.com e foi editor/fundador de um portal de notícias chamado The Region, além  do site Kurdishquestion. com, em que publicava  informações, notícias e análises sobre os curdos.

Em conjunto com seus esforços jornalísticos, manteve seu interesse no cinema e, em 2014, completou um mestrado em cinema na  Universidade de Londres.

 

Os amigos o descreveram como um homem “apaixonado” e “amoroso” que dedicou sua vida a apoiar a luta curda por maiores direitos no Oriente Médio. “Ele queria sair há muito tempo, mas ficou em casa por causa de sua mãe”, disse seu amigo Aladdin Sinayic, ao jornal The Guardian. 

Mark Campbell, um amigo íntimo e membro da Campanha de Solidariedade Curda, disse: “Mehmet era a alma mais linda. Era amado por todos os que tinham a sorte de conhecê-lo, enriqueceu todas as nossas vidas e estava totalmente dedicado a contar a história da profunda luta do povo curdo pela justiça e liberdade na Turquia e na Síria. Ele inspirou e encorajou outros a fazer o mesmo e foi a minha maior inspiração pessoal. ” 

Na busca de respostas para a questão curda, ele pagou tragicamente sua vida ao ser assassinado por um grupo de fundamentalistas.

ROBERT GRODT (Demhat Goldman)

Foi um médico e anarquista estadunidense Robert Grodt que lutava nas fileiras das Unidades de Proteção do Povo (YPG), morreu durante uma batalha contra o grupo Estado Islâmico em Raqqa, na Síria.

Decidiu se vincular às YPG em março DE 2016 “para ajudar o povo curdo na sua luta pela autonomia na Síria e em outros lugares, e para ajudar a criar um ambiente mais seguro”.

Grodt esteve nas manchetes durante o movimento Ocupe Wall Street em setembro de 2012 depois de ser filmado indo ao auxílio de Kaylee Dedrick, manifestante que recebeu uma borrifada de spray de pimenta da polícia, num vídeo que viralizou de repente. De acordo com relatos da época, os dois ficaram próximos depois desse incidente e mais tarde tiveram um filho juntos. Falando dessa época, Grodt teria dito: “Nada fortalece um relacionamento quanto um agente químico”.

Dezenas de voluntários estrangeiros que se juntaram às YPG nos últimos anos morreram na luta contra o EI. No entanto, Robert Grodt foi o primeiro a morrer numa ofensiva para recuperar Raqqa do controle do Estado Islâmico.

Via: Noticias Anarquistas.

Lamentamos a morte de todos os homens e mulheres combatentes que tombaram nas trincheiras da luta pela liberdade do povo curdo e contra o ISIS/DAESH/EI no Oriente Médio. Além da organização terrorista os curdos também enfrentam ataques da Turquia de Recep Tayyip Erdogan.

O conflito entre as forças de segurança da Turquia e os curdos no sul do país deixou cerca de 2.000 mortos e até 500 mil deslocados, em sua maioria curdos, desde  julho de 2015, indicou um relatório divulgado nesta sexta-feira (10) pelo Escritório de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).

Você pode entender melhor o contexto através deste artigo publicado no El Coyote.

EDUARDO TORRES (Calopsita)

Via: CABN

Eduardo foi um militante anarquista  presente nas lutas contra o aumento da tarifa, contra o fascismo, na solidariedade com os povos indígenas da região de Santa Catarina e em defesa da reforma agrária.


Ele ficou conhecido nacionalmente  por tentar apagar a tocha olímpica com um extintor de incêndio quando ela passou por Joinville. Na ocasião chegou a ser detido pela policia, sendo solto na mesma noite, após assinar um termo circunstanciado. Em entrevista ao jornal A Notícia, na época, Eduardo alegou que não concordava com as Olimpíadas no Brasil e acreditava que o dinheiro usado no evento deveria ser investido em outras prioridades.

Eduardo estava vivendo em um assentamento do Movimento Sem Terra, localizado às margens da BR-101, na região da Corveta. Seu corpo foi encontrado por uma criança do acampamento, em meados novembo. No episodio a Polícia Militar foi acionada e constatou o óbito provocado por degolamento.

As últimas informações  disponíveis na internet dão conta de que a policia civil identificou os suspeitos do assassinato, entretanto as investigações seguem em sigilo.

Vitimas de Massacres no Campo em 2017

Fonte: CPT Nacional

Colniza (MT) 19 de abril de 2017

Nove posseiros do P.A. Taquaruçu do Norte, foram assassinados por quatro pistoleiros contratados por um empresário madeireiro. O grupo chegou à comunidade, invadiu os barracos e matou, com tiros de armas calibre 12 e golpes de facão, quem estava dentro. Algumas vítimas foram mortas enquanto trabalhavam na terra. De acordo com a perícia, houve tortura, pois vários corpos estavam amarrados e dois foram degolados. A região é alvo de intenso conflito agrário em razão de seu elevado potencial madeireiro e minerário.

Vilhena (RO) 26 de Abril de 2017

Os trabalhadores Valdinei Assis da Silva, Yure Silva e Geovane Alves de Jesus, foram assassinados pelo fato de apoiarem a luta por reforma agrária de famílias sem-terra que atuam na região.

Pau D’Arco (PA), 24 de Maio de 2017

No dia 24 de maio de 2017, dez trabalhadores rurais sem terra, nove homens e uma mulher, foram mortos em uma ação da Polícia Militar-PM e Polícia Civil do estado do Pará, supostamente organizada para cumprir mandados de prisão contra ocupantes da Fazenda Santa Lúcia/Acamp. Nova Vida. A operação foi conduzida pela Delegacia de Conflitos Agrários-DECA, com apoio de contingente policial de Redenção, Conceição do Araguaia e Xinguara. 11 policiais militares e dois policiais civis chegaram a ser presos temporariamente, mas foram soltos no dia 8 de agosto de 2017, por decisão do juiz substituto Jun Kubota.

Lençois 1 de Junho de 2017

Após o assassinato de duas lideranças quilombolas na comunidade de Iúna em julho de 2017 (Lindomar Fernandes Martins e José Raimundo Mota de Sousa), outros seis quilombolas da comunidade Iúna foram assassinados a tiros dentro de suas residências: Adeilton Brito de Souza, “Boga”, Gildásio Bispo das Neves, Amauri Pereira Silva, Valdir Pereira Silva, Marcos Pereira Silva e Cosme Rosário da Conceição. A Polícia Civil informou que cada vítima recebeu de quatro a cinco tiros. Os conflitos por terra começaram a ocorrer após a intervenção do Incra (a notificação dos fazendeiros), em 2015, para a regularização da área, onde havia 40 famílias na região. Após as mortes e ameaças, restaram 12.

REMÍS CARLA

Remís Carla Costa foi uma militante do Movimento Feminino Popular, do Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) e estudante de Pedagogia da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), assassinada pelo próprio namorado em dezembro de 2017.
A feminista foi encontrada sem vida, enterrada em um terreno a 400 metros de onde reside o seu namorado, Paulo César de Oliveira, autor confesso do crime. 

Ela  era  atuante nas causas populares e da educação e nacionalmente era conhecida pela militância nos encontros de pedagogia.

O Brasil registrou ao menos oito casos de feminicídio por dia entre março de 2016 e março de 2017, segundo dados dos Ministérios Públicos estaduais. No total, foram 2925 casos no país, aumento de 8,8% em relação ao ano anterior.

EDVALDO DA SILVA

Edvaldo foi um jovem de 19 anos,  que participava de uma manifestação pacifica contra a insegurança no municipio pernambucano de Itambé, quando foi alvejado à queima roupa por um policial.

“É esse que vai levar um tiro primeiro”, ordenou capitão, antes de outro PM efetuar o disparo. Tudo foi registrado em vídeo.

Ramon Tadeu Silva Cazé, o capitão da PM que comandou a operação em Itambé tentou, em depoimento, justificar a ação do seu subordinado:

“Em virtude de tais circunstâncias, (o soldado) efetuou um disparo de advertência para o chão, o qual ricocheteou no asfalto e veio atingir de forma inesperada o popular”

O capitão Cazé é o mesmo que aparece nas imagens dizendo “É esse que vai levar o tiro primeiro?”, em referência a Edvaldo.

Edvaldo morava com a mãe e estava desempregado. Ajudava na renda domiciliar com bicos em marcenaria e pintura.

Uma multidão marcou presença no velório e no enterro de Edvaldo. Entre os presentes, amigos e parentes do jovem, além de moradores do local que se sensibilizaram com o ocorrido.

NÔ PEDROSA

Via: Tribuna Hoje

Foi um quadro histórico da luta contra a repressão no Brasil.  De acordo com o historiador Geraldo de Majella, Nô Pedrosa nasceu em Santa Luzia do Norte em 7 de setembro de 194o, aniversário da Independência do Brasil, sob o nome de Walfredo Pedrosa de Amorim.

Seu envolvimento com a esquerda política foi de berço já que a família tinha tradição de militância na esquerda em Alagoas. Seu irmão mais velho, Valter, foi filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em meados da década de 1950. Nô Pedrosa e outro irmão Waldir, também tornaram-se militantes.

A atuação de Nô Pedrosa no PCB alagoano durante as décadas de 1950 e 1960 trouxe a formação de vários novos núcleos de militantes comunistas tanto no estudo secundarista quanto universitário.

Ele, seu irmão Valter e os irmãos e Jayme e Wiltom Miranda foram detidos após o golpe militar de 1964. Outros iniciaram a vida na cladestinidade, enquanto alguns mais precisaram sair de Alagoas para outros estados.

Ao sair da prisão, Nô voltou a estudar na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e seguiu sua militância política durante os anos de chumbo da ditadura.

Segundo Geraldo de Majella, a Delegacia de Ordem Política e Social (Dops) fez o seguinte registro da atuação de Nô Pedrosa: “participou de todos os movimentos grevistas nos sindicatos filiados ao CGT, em companhia do comunista Nilson Miranda e outros. Tomou parte ativa nos comícios programados pelo CGT. Desenvolve atividades comunistas no meio dos estudantes. Distribui literatura comunista e boletins subversivos. Preso no movimento revolucionário de 31 de março de 1964”.

Com a diminuição da militância comunista, sua ideologia começa a pender ao anarquismo em parceria com outros grupos de esquerda.

O historiador Majella diz que ele seguiu recrutando militantes à porta da biblioteca pública estadual e nos corredores da Ufal.

Ele e outro homem identificado como José Márcio dos Santos Silva foram vítimas de duplo homicídio. Ambos foram mortos a tiros em dezembro de 2017. Pedrosa foi atingido no pescoço e ao cair machucou o abdômen. José Márcio foi atingido nas costas e nas nádegas.A motivação do crime ainda é desconhecida.

WESLEY SANCHES
“Professor Bart”

Via: Professores Antifascismo

O Professor Wesley Sanches, também conhecido como Prof. Bart era admirado por seus alunos e amigos.

Um árduo defensor das causas sociais e da categoria dos professores, Bart esteve presente na greve de 2015.

Em 2017, com a redução da hora-atividade não conseguiu pegar aulas. Trabalhava como tutor na Unopar.
Este não é o único professor a cometer suicídio no Paraná neste ano. No ano de 2017 foram, no mínimo foram cinco, os professores que se suicidaram no Paraná.

Há indícios muito fortes de que a condição precárias de trabalho contribuíram com a decisão extrema destes educadores.

KATE MILLET

Kate foi uma militante do feminismo que dedicou sua vida a causas como o direito ao aborto e os direitos das mulheres no Irã.

Seu livro  Política Sexual (Sexual Politics, no nome original) faz um panorama histórico de séculos de exclusão das mulheres do ponto de vista legal, político e cultural. O livro foi sua tese de douturado na universidade de Columbia.

Kate afirmava que as diferenças entre os sexos são criadas por questões culturais que não se justificam e defendia a igualdade de gêneros.

JOQUINA DORADO

Joaquina Dorado Pita  foi uma Anarquista espanhola, nascida no distrito  de  Santa Lucía Morelos , em  La Coruña , em 25 de junho de 1917.

Sensibilizada pelo sofrimento e pelas lutas da classe trabalhadora apoiou diferentes levantes de pescadores ainda na adolescência. Em 1934, quando tinha 17 anos, chegou a Barcelona onde passou a trabalhar em uma fabrica de estofados em que  se destacou em mobilizações por melhores salários, se juntando ao  Sindicat de la Fusta da CNT  e ao  Joventuts Llibertàries del Poble Sec .

A partir de então acumulou um admirável “curriculo” de lutas, em especial contra o Franquismo  como guerrilheira na Catalunã.

Em 1939 foi para o exílio na França, onde passou por três campos de concentração. Escapou do primeiro, em  Briançon  e em  Recebidoux , reservado aos prisioneiros alemães.

Ela também participou de várias ações da resistência contra a ocupação nazista.

Entre suas ações pouco conhecidas, sabemos que desempenhou um papel importante na mobilização organizada contra a tentativa de golpe de Estado na França pelos militares da direita da  OEA . Também na França, participou da criação do  Movimento de Resistência Popular  e, em 1962, colaborou na criação da Defesa do Interior, que teve como objetivo atacar  Francisco Franco .

Nos últimos anos, organizou o tributo anual a José Buenaventura Durruti   no cemitério de Montjuïc.

Joaquina Dorado Pita morreu no  Hospital del Mar  de Barcelona  , três meses antes de completar 100 anos.

 

CARLOS SCHARF (Puchero)

Via: Noticias Anarquistas

Puchero foi um militante anarquista argentino. Operário da construção naval articipou ativamente de greves contra a ditadura militar argentina durante os anos 60 e 70, sendo também preso durante o regime peronista.

Sempre presente nas lutas contra o autoritarismo, fez parte do Grupo Editor do periódico anarquista “La Protesta”.

Também impulsionou a publicação de livros tais como “La Prehistoria del anarquismo”, de Angel J. Cappelletti, “La revolución”, de Gustav Landauer, “La estética anarquista”, de Ressler, e “El discurso sobre la servidumbre voluntaria”, de Ettiene de La B oettie.

Em síntese, um militante anarquista que combateu contra o capitalismo em todas as suas versões, contra suas imposturas e contra toda forma de autoritarismo e de restrição da liberdade.

MANUEL VIEIRA

Foi um anarquista português,  contribuiu de forma relevante para o movimento anarquista português.

Colaborador do jornal “A Batalha” e mlitante ativo da causa libertária. Manuel Vieira esteve também ligado à alteração da designação de algumas ruas de Almada, fazendo com que nelas figurasse a presença libertária.

Manuel Vieira faleceu a 14 de Agosto de 2017, tendo o funeral sido realizado no dia seguinte para o cemitério do Feijó.

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Written by Rhangel Ribeiro