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Uma introdução à revolução no Norte da Síria

Em 2011 uma série de revoltas explodiram no Oriente Médio e no Norte da África. O acúmulo de décadas de injustiças sociais e falta de democracia resultaram em protestos massivos levaram a queda de regimes e famílias no poder no Egito, Líbia, Tunísia, Iêmen e Bahrein. O que unia estas massas era a negação de décadas de concentração de poder político, e uma vez derrubados os regimes, essa coesão não se materializou na construção de projetos políticos democráticos ou mesmo estabilidade política.

Na Síria a família Assad resistiu de 2011 até o presente apesar da forte pressão da OTAN por uma mudança de regime. Quando os protestos se converteram em um conflito armado foram os Estados Unidos, a Arábia Saudita e a Irmandade Muçulmana que patrocinaram a fundação do Exército Livre da Síria, organização armada com a finalidade de derrubar o regime de Bashar al-Assad. O vazio ideológico foi terreno fértil para organizações islâmicas fundamentalistas recrutarem militantes, tornando a frente rebelde em um emaranhado de grupos com objetivos políticos fragmentados.

Foi então que do Iraque surgiu um fantasma da última intervenção americana na região. A invasão americana que resultou na queda de Saddam Hussein em 2003 no Iraque e o estabelecimento de um governo xiita fermentou a criação de um movimento com crenças semelhantes a Al Qaeda mas com poder e organização para capturar e defender territórios no Oriente Médio com o propósito de construir um califado da proporção do antigo Império Otomano. O Estado Islâmico (chamaremos de EI a partir daqui) cruzaria o Iraque até a Síria sem encontrar resistência até chegar na cidade de maioria curda chamada Kobanî.

 

O ocidente “redescobre” os curdos

 

A mídia internacional redescobriu os curdos após a resistência vitoriosa em Kobanî em 2014. Organizados em milícias, sendo uma delas exclusiva de mulheres (YPJ, as Unidades de Proteção Femininas), a libertação de Kobanî daria início a uma campanha de vitórias sobre o EI que segue em curso. Poucos sabiam até então da longa história de luta do povo curdo. Considerado um povo nativo da antiga Mesopotâmia, são caracterizados por habitar regiões montanhosas, mesmo que esta demografia tenha mudado ao passar dos séculos as montanhas ainda desempenham um papel na estratégia de guerrilha dos curdos.

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o Oriente Médio e especialmente o Império Otomano derrotado viu seu território ser dividido pelos vencedores Inglaterra e França no acordo Sykes-Picot. Não apenas o território foi dividido com a criação do Iraque, por exemplo, mas a forma determinada do estado-nação foi imposta. Se antes o Império Otomano era baseado na administração e no pacto de diferentes culturas, o Estado-nação é baseado na unidade identitária e consequentemente na violência contra aqueles que não se encaixam nesta unidade.

Os curdos ficaram divididos entre a Turquia, Síria, Iraque e Irã. Durante todo o século XX, realizaram diversas rebeliões e revoltas para garantir direitos básicos que lhes eram negados. Repúblicas autônomas foram criadas e esmagadas pela força do Estado e seus patrocinadores imperialistas. O genocídio, os deslocamentos em massa, a negação de sua existência, as vilas destruídas e a diáspora são realidades em comum para os curdos dentro destes quatro territórios desde então.

No final dos anos 70 surge na Turquia o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que na década seguinte ganharia adesão da população curda e entraria em um conflito aberto contra o estado turco. No auge do período das lutas de libertação nacional, o partido segue a mesma linha de lutar pela criação de um estado nacional curdo independente. No entanto diversos fatores, em especial a ascensão das organizações femininas dentro do partido irão mudar profundamente os métodos e objetivos da luta.

Uma das principais lideranças do PKK, Abdullah Öcalan foi preso no Quênia em 1999 pelo serviço secreto turco com apoio da CIA e do Mossad israelense. Öcalan, mantido até hoje em confinamento, iria da prisão sistematizar as novas linhas ideológicas que surgiram no partido durante os anos 90. A forma do Estado-nação passa a ser identificada como uma dominação imposta aos povos da região e portanto cai por terra o objetivo de formar um estado independente curdo.

 

A negação do estado e o confederalismo democrático

 

A negação do estado implica em novas formas de organização da sociedade, inspirado pelos zapatistas no México e pelos escritos do anarquista americano Murray Bookchin, Öcalan propõe um sistema denominado confederalismo democrático. A proposta é a organização das comunidades em reuniões presenciais onde tudo é decidido por todos dentro de pequenos territórios. Quando um assunto envolve uma região maior, a construção de uma estrada ou abastecimento elétrico por exemplo, delegados da comunidade vão para um conselho regional levar as decisões para outras comunidades. Estes delegados não vão decidir pela comunidade e sim levar as decisões tomadas pelo grupo para o outro nível. É um fluxo de tomada de decisões e poder que vem de baixo para cima.

Com o início da guerra na Síria, o governo foi incapaz de manter as forças armadas na região curda. As milícias curdas expulsaram os soldados do regime que restaram e desde 2012 estabeleceu-se o território autônomo de Rojava, regido pelos princípios do confederalismo democrático. A democracia direta aplicada através dos conselhos populares baseados na comuna como sua unidade mais importante é responsável pelas decisões, porém ainda hoje divide o espaço políticos com uma assembléia legislativa e um comitê executivo que mais se assemelham a formas parlamentares de representação.

 

Protagonismo feminino: organizando a resistência e uma nova sociedade

 

Além da democracia direta, o protagonismo feminino se destaca na região, não apenas por conta da participação das mulheres na luta armada, mas principalmente por sua atuação política e social. Se cada comunidade possui autonomia política em seu território, as mulheres têm suas reuniões autônomas para decidir suas questões e mesmo vetar decisões de outras assembléias caso afetem suas vidas de forma negativa. Todas as assembléias precisam necessariamente um mínimo de 40% de homens ou mulheres para ter validade, e sempre que forem designados delegados ou representantes serão escolhidos um homem e uma mulher, um sistema que chamam de co-representação.

Assim como as mulheres tem a guerrilha YPJ,  também possuem seu próprio movimento político (Kongreya Star) e suas cooperativas de trabalho. Tradicionalmente excluídas das esferas políticas e econômicas em detrimento da vida privada do lar, um paralelo que infelizmente podemos fazer com a grande maioria das sociedades, as mulheres em Rojava resgatam seu papel na vida econômica organizando cooperativas que respondem às necessidades das comunas. As cooperativas sinalizam um horizonte crítico a dominação capitalista ainda que conviva com diversas contradições de um processo de transição a partir da terra arrasada e de uma economia que hoje precisa se dedicar a guerra para sua sobrevivência.

 

Autodefesa como prática revolucionária

 

Enquanto vivemos uma onda global de austeridade, com trabalhadores perdendo direitos conquistados nas últimas décadas, uma questão que paira é o quanto nós como sociedade deixamos nossa segurança e o monopólio da violência nas mãos destes mesmo Estados. Em Rojava a negação do Estado e do capital não vem apenas com a tomada dos meios de produção, mas também pela tomada dos meios de violência. A proposta é que a democratização destes meios de violência, utilizados anteriormente pelo estado para eliminar tudo aquilo que não se adequava a identidade nacional, transforme a violência em autodefesa.

Para isso dois caminhos simultâneos são tomados: a internacionalização e o enraizamento da autodefesa nas comunidades. A internacionalização ocorre quando as milícias (YPG/YPJ) criam coalizões para arrancar o Estado Islâmico não somente de áreas de maioria curda, mas também de tradicionais cidades e vilas árabes. Oficialmente o nome da região organizada através dos conselhos populares não se chama mais Rojava por ser um termo étnico curdo e sim Confederação do Norte da Síria, para incluir todos os povos da região.

Enquanto essa grande força multiétnica é mobilizada para a guerra contra o EI, um fluxo contrário de poder se estabelece nas comunas. São formadas unidades de defesa por território justamente para evitar um monopólio dos meios de violência pelas guerrilhas que combatem o EI. Cada morador da comuna, de acordo com sua possibilidade, deve aprender a defender sua comunidade. Cenas que passaram a ser comuns é o de guerrilheiras curdas ensinando suas mães a utilizarem rifles e pistolas.  

No mínimo um debate interessante falando de um país onde minorias enfrentam um verdadeiro genocídio pelas mãos do Estado. Em um protesto recente nos Estados Unidos contra os assassinatos de negros cometidos pela polícia, faixas diziam: “comunidades fortes tornam a polícia obsoleta” e “segurança para além do policiamento”, Rojava parece ter algo a nos ensinar sobre esse horizonte.

 

Conclusão

 

O que acontece no Norte da Síria/Rojava hoje é um processo revolucionário que caminha não livre de contradições, no entanto traz questões pertinentes para as lutas sendo travados em todo globo. Este breve texto não dá conta de entrar em cada questão que pode ser lida como contraditória ou mesmo deslegitimar a luta curda como alguns acreditam, mas podemos citar brevemente alguns pontos como: a economia de guerra que parece ambígua em relação ao capitalismo, as coalizões militares que envolvem países da OTAN que massacram inclusive curdos em outros territórios e mesmo se a libertação feminina vem acompanhada realmente de uma sociedade sem preconceitos no que diz respeito a orientação sexual e de gênero. O que podemos dizer em linhas gerais é que de fato é um processo e seria ingênuo acreditar a mudança dessas relações da noite para o dia, puxadas de cima para baixo por um partido ou mesmo naturais através de deliberações coletivas enquanto o trabalho pedagógico ainda é um desafio em muitas partes.

Ainda assim os avanços sociais são enormes e sem precedentes em alguns casos, o principal deles, o protagonismo das mulheres, trata uma questão que historicamente sempre é deixada para um momento pós-revolução e nunca parte do processo. Para além de um “empoderamento” discursivo ou dentro dos limites impostos pelo sistema ficam as lições das curdas de organização e luta das mulheres.

Paralelo e influenciado pela autonomia das mulheres na luta de libertação curda vem a democracia direta através da teoria do confederalismo democrático aplicado nas comunas e assembléias populares de Rojava. A organização de base tomando decisões em um fluxo de poder de baixo para cima é algo completamente estranho para os partidos que disputam o jogo eleitoral e disputam o poder mediado através de acordos e conciliações entre os donos do poder. O que se aplica lá é uma alternativa crítica ao modelo de Estado-nação que mesmo se decompondo domina o imaginário político da esquerda.

E por último a questão da autodefesa que ao invés de opor violência e não-violência vê a primeira como uma ferramenta de autodefesa quando democratizada e deixando de ser um monopólio. Enquanto militantes aqui pedem “o fim da polícia militar” pouco se debate o que nasce desse futuro espaço vazio, quem irá se organizar para preencher este vácuo de poder?

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Comitê de Solidariedade à Resistência Popular Curda SP e Biblioteca Terra Livre (org.). 2016. Şoreşa Rojavayê: Revolução, uma palavra feminina.  São Paulo. Biblioteca Terra Livre.

Editorial Descontrol (org.). 2016. A Revolução Ignorada. São Paulo. Autonomia Literária.

Bookchin, Murray. 1982. The Ecology of Freedom: The Emergence and Dissolution of Hierarchy. Palo Alto: Cheshire Books.
ÇAĞLAYAN, Handan From Kawa the Blacksmith to Ishtar the Goddess: Gender Constructions in Ideological-Political Discourses of the Kurdish Movement in post-1980 Turkey, European Journal of Turkish Studies [Online], 14 | 2012, Online since 18 January 2013, Connection on 28 June 2016. URL : http://ejts.revues.org/4657
Egret, Eliza e Tom Anderson. 2016. Struggles for Autonomy in Kurdistan. Londres: Corporate Watch.
In der Maur, Renée e Jonas Staal (org.). 2015. Stateless Democracy. Utrecht: bak.
Öcalan, Abdullah. 2011. Democratic Confederalism. Colônia: International Initiative.

Öcalan, Abdullah. 2013. Liberating Life: Woman’s Revolution. Colônia: International Initiative.

TATORT Kurdistan. 2014. Democratic Autonomy in Rojava. Disponível em: http://new-compass.net/articles/revolution-rojava

Üstündağ, Nazan. 2016. Self-Defense as a Revolutionary Practice in Rojava, or How to Unmake the State. The South Atlantic Quarterly 115:1, Janeiro de 2016. Durham: Duke University Press.

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Written by Comitê de Solidariedade à Resistência Popular Curda de São Paulo

O Comitê de Solidariedade à Resistência Popular Curda de São Paulo apoia a luta contra a opressão do povo curdo em seu processo revolucionário de libertação. Em solidariedade de mão dupla também queremos trazer a nosso local de militância os debates e as experiências deste processo atual.

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122 Comments

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  5. >>Davvero qualcuno crede che tutti i 67 uomini (su 70) che attualmente hanno competenza di legiferare in Puglia, abbiano la spinta etica ad aprire le porte alle donne?>>Un extraterrestre ne ricaverebbe che l’accesso ai piani del potere (formale) sia sbarrata alle FF.La “discriminazione” e il muro di gomma consistono in questo, che i maschi ci arrivano salendo le scale, mentre le FF hanno diritto all’ascensore.Avete poi mai visto maschi votare leggi o emettere sentenze contro se stessi? RDV

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