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Vereador Jhonatas Monteiro (PSOL) sofre novas ameaças através de e-mail supostamente ligado a Prefeitura de Feira de Santana (BA)

“A vente vai jogar gasolina em você e na sua família” era uma das ameaças

O email também apresenta ofensas racistas ao vereador e ao site Alma Preta, um dos veículos a noticiar as primeiras ameaças sofridas por Monteiro, no mês de abril

Jhonatas Monteiro, vereador pelo PSOL no município de Feira de Santana, na Bahia, foi alvo de novas ameaças, recebidas através do email institucional do parlamentar no último dia 04 de julho. A assessoria do vereador optou por não divulgar o ocorrido imediatamente para preservar o trabalho inicial de investigação do caso, que está sendo realizado pela Polícia Civil, e outras medidas de segurança.

Além de ameaçar de morte o vereador e seus familiares, mencionando inclusive o bairro onde ele reside, na periferia do município, o email também apresenta ofensas racistas contra o parlamentar e contra o site “Alma Preta”, que no mês de abril divulgou uma matéria sobre as primeiras ameaças sofridas por Jhonatas, recebidas através de mensagens de celular.

As primeiras ameaças, recebidas em abril, faziam referência à atuação do político em uma manifestação de trabalhadoras e trabalhadores da educação da rede pública de Feira de Santana, então em greve, que foram brutalmente agredidas(os) pela Guarda Municipal dentro do prédio da Prefeitura. Na oportunidade, o vereador e um assessor do seu mandato também foram agredidos. A violência extrema empregada no episódio chamou atenção e o caso teve repercussão nacional. Alguns dias após o ocorrido, Jhonatas recebeu mensagens de texto em seu celular pessoal que expunham dados seus e de seus familiares e diziam para ele tomar cuidado “para não perder outro dente”.

A violência empregada pela Guarda Municipal foi legitimada por diversas declarações do prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins Filho (MDB). Até o presente momento, não houve qualquer apuração dos fatos por parte da Prefeitura. Pelo contrário, Jhonatas e outros vereadores que estiveram ao lado das(os) manifestantes, assim como o sindicato que representa a categoria, ainda foram alvo de processo judicial por parte da Prefeitura Municipal. “Sequer uma sindicância, que é um procedimento administrativo elementar e padrão, foi aberta pela Prefeitura” – informa o vereador, que acredita que o clima de impunidade em torno da situação autoriza e alimenta a violência política, da qual tem sido alvo, e que tem aumentado nos últimos anos, sobretudo contra parlamentares de esquerda.

O email recebido neste mês de julho pelo vereador apresenta forte conteúdo de ódio, com desqualificação aos professores, tratados como “vagabundos”, é marcadamente racista, com expressões como “preto fedido” e “preto não tem alma”, que estendem-se ao site Alma Preta, além das graves ameaças de morte ao parlamentar e aos seus familiares: “Se você não parar de falar na imprensa a gente vai jogar gasolina em você e na sua família de macacos pretos fedidos e tocar fogo em vocês, vamos queimar vocês vivos. E como você gosta de dizer que é morador da Queimadinha aí sua família vai ficar queimadinha mesmo. Vai perder mais do que um dente”.

Chama a atenção também o fato da mensagem, enviada por um serviço de email temporário, exigir que o vereador “respeite” a Guarda e o Governo Municipal. Além de simular ter vindo de uma conta institucional da Secretaria Municipal de Prevenção à Violência (Seprev), o próprio texto da mensagem é assinado pela “Secretaria Municipal de Direitos Humanos de Feira de Santana”. Não existe órgão com esse nome na atual estrutura burocrática da Prefeitura e a confirmação da autoria depende da investigação atualmente em curso, mas a atuação política de Jhonatas em oposição à Administração Municipal parece ser o centro das ofensivas contra ele. Nesse sentido, trata-se de mais um indício que a falta de posicionamento oficial de repúdio à violência por parte da gestão do município, sem dúvida, estimula a violência política praticada em seu nome.

O PSOL, partido do vereador, é atualmente o que mais acumula casos de violência e ameaças contra suas figuras públicas. Mais de 20 parlamentares do partido, entre vereadoras(es) e deputadas(os) estaduais e federais, principalmente mulheres negras e pessoas LGBTQIA+, foram recentemente vítimas de assédio, agressões, perseguição, ameaças de morte e até mesmo tentativas de atentados, interceptadas a tempo pelas autoridades – como foi o caso da deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ). “O que se observa é que, com o crescimento da extrema-direita no Brasil ao longo dos últimos anos, a violência, alimentada pela impunidade, tem sido utilizada para tentar impedir a atuação de parlamentares e seus mandatos, o que pode ser entendido como um ataque às já frágeis liberdades democráticas” – destaca Jhonatas.

Após a primeira ameaça, recebida em abril, Jhonatas foi incluído no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), que já está a par da nova ameaça sofrida e acompanha o caso. Além disso, a Secretaria de Segurança Militante do PSOL – órgão recém criado pela Executiva Nacional do partido para lidar com os casos de violência contra sua militância e suas/seus parlamentares – foi acionada. Em paralelo, as investigações sobre as ameaças sofridas também seguem na Polícia Civil.

Confira abaixo o print do email com as novas ameaças, recebido pelo vereador Jhonatas Monteiro em 4 de julho.

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Written by el Coyote