Desde o dia 17 de Outubro um incêndio vem atingindo o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás.
A principal suspeita recai sobre fazendeiros e latifundiários da região, que teriam causado o incêndio em represália à ampliação da área do parque da chapada, que se dedica a conservação integral da natureza. Santuário natural, o parque abriga mais de 10 mil tipos de plantas e mil e quinhentas espécies de animais, entre eles: lobos guarás, onças pintadas e veados.
De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) 22% da reserva ambiental já foi atingida. Foram queimados cerca de 35.000 hectares somente dentro do Parque. Brigadistas do ICMBio, do IBAMA, do Grupo Ambientalista do Torto, bombeiros militares de Goiás e Distrito Federal, além de voluntários da sociedade civil estão mobilizados desde o início das operações.
Fernando Tatagiba, analista ambiental do ICMBio, afirmou a Agência Brasil (agencia de noticias do governo Federal) que “não há a menor dúvida de que o incêndio é criminoso, uma vez que ele avançou nas áreas posteriores àquelas onde o aceiro (barreira para contenção do fogo) já havia sido feito”.
“Nessa época do ano quase 100% do fogo causado na região é criminoso. Das duas, uma: ou trata-se de crime doloso, quando há intenção de causar o dano; ou crime culposo, quando não há intenção, mas entende-se o risco que se corre ao, por exemplo, atear um contrafogo precipitado, como no caso dos aceiros feitos em épocas impróprias como é o caso”, revela Marcus Saboya, presidente do COMDEMA de Alto Paraíso de Goiás.
O incêndio é vantajoso para latifundiários que podem se valer desta tragédia para forçar uma remarcação da reserva ambiental, uma vez que sem vegetação para proteger, a premissa de existência de uma unidade de conservação não faria mais sentido.
Também pode servir aos interesses escusos dos políticos uma vez que verbas emergenciais correm sem a devida auditoria e sem licitação.
Em artigo publicado no Jornal da Chapada em 2016, o Geografo Tassio Barreto, se valendo do exemplo da Chapada Diamantina (também frequentemente atingida por este tipo de incêndio) fala da chamada “Industria do fogo” e explica que “O foco dos incêndios miram locais isolados e estratégicos, com dificuldades de acesso para ações de combate. Uma garantia maior e prolongada, fluindo “rios” de dinheiro para o combate, que eventualmente são liberados apenas nos meses mais suscetíveis as queimadas (agosto a novembro). Somado a escassez de verbas a questões cruciais, que poderiam adequar a uma gestão mais participativa, barata e preventiva”.
Foto da vitrine: Fernando Tatagiba/ ICMBio
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