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A miséria do apoliticismo e as raízes de esquerda do anarquismo (Parte II – final) – Rafael V. da Silva

Leia a parte I aqui.

O ataque neoliberal e o anarquismo: um “pós” anarquismo?

 

            Em 1989 cai o Muro de Berlim, o que levou diferentes pesquisadores a questionar se o uso das categorias esquerda e direita ainda era útil para a compreensão da realidade. O livro do neoliberal Francis Fukuyama defendia muito comodamente o fim da ideologia e o “fim da história” com a universalização e a homogeneização do sistema econômico capitalista. Na prática, Fukuyama defendia uma velha tese da direita, a de que a sociedade não se transformaria radicalmente e que o capitalismo é o sistema econômico e social mais adequado. Fukuyama atacava assim a ideia de revolução e transformação social. Ele acreditava que a democracia orientada pelo mercado capitalista era o melhor modelo de sociedade, o liberalismo econômico seria o ápice da evolução da sociedade humana (KANAAN, 2005, p. 1).

            Nos anos 80 também ocorre um processo de esvaziamento e incentivo planejado e premeditado ao desmantelamento do pensamento crítico de esquerda na Europa e em outros países,(ROCKHILL, 2017) somada a um processo de privatização e agressivas estratégias tatcherianas no Leste europeu (MAZOWER, p. 377) nos escombros do comunismo “real”. Some-se a isto, o fato de que nesse período, a “velha” esquerda parlamentar, saída dos escombros do Muro de Berlim e acossada pelo pragmatismo do eurocomunismo aderia sem pestanejar a democracia burguesa e seu projeto de conciliação de classes. Limitou-se a propor uma gestão humanizada do revigorado sistema de dominação capitalista. O fim da polarização da guerra fria também trazia a ideia burguesa de que a discussão sobre classe social (longamente hegemonizada pelo estalinismo) era algo do “passado”. O anarquismo encontrou nesse período grandes dificuldades. Em alguns países se restringiu aos pequenos círculos militantes e em outros precisou se reconstruir totalmente, ressurgindo do escombro de ditaduras militares e perseguições políticas sem referências anteriores muito claras. Em muitos países, a transmissão dessa rica história classista tornava-se prejudicada pela perda do fio histórico que ligava as gerações (com algumas exceções) e a falta de um espaço de lutas propício para a transmissão de seus significados, o que fazia com que muitos anarquistas tivessem de entender o anarquismo quase que “do zero”.

            Temos o ambiente perfeito para a adesão irrestrita de um pequeno (mas barulhento) setor anarquista às teses de que o anarquismo deveria romper definitivamente com seu passado classista. Some-se a isto – apesar de nunca terem sido hegemônicos – a presença individualista na periferia do universo intelectual anarquista dentro de um mundo marcadamente neoliberal e que produzia massivamente uma ideologia que apregoava o culto a um indivíduo supostamente descolado das estruturas sociais e responsável por si próprio.

O comunismo teve o eurocomunismo como seu desvio ideológico de irremediável integração ao sistema capitalista e as normas burguesas, que caía no pragmatismo da gestão “humanizada” do capitalismo, já o anarquismo teve o “pós-anarquismo” ou “anarquismo de estilo de vida” como remédio para aplacar aqueles que consideravam a revolução e a organização em movimentos populares como algo fora de moda. Parte das poucas editoras que abriam espaço ao anarquismo, aproveitavam esse clima e editavam algumas coisas que seguiam essa linha.

            O primeiro texto que caracteriza esse espírito da época foi escrito pelo obscuro individualista Hakim Bey em 1985 (na Inglaterra) sob o título Zona Autônoma Temporária (TAZ), editado pela primeira vez no Brasil em 1995 e que tirando a auto-identificação enquanto anarquista, pouco possuía de relação com as ideias libertárias. Não pretendemos fazer uma crítica extensa do livro aqui, cremos que isso foi feito com maior qualidade e profundidade por Murray Bookchin – aqui no Brasil, editado com o título Anarquismo, crítica e auto-crítica – que dispensa apresentações. Escolhemos esse texto pela sua capacidade de influência e disseminação de um apoliticismo fantasiado de teses libertárias. Ainda que Bey afirme que a TAZ é “quase auto-explicativa” (Bey, s/d, p. 3) e de que esta “não é um fim em si mesmo, substituindo outras formas de organização, táticas e objetivos” (Bey, s/d, p. 31), o fato é que o efeito da incorporação da TAZ (por alguns setores do anarquismo) era o de negar as formas históricas de organização anteriores (muitas das quais desconheciam ou associavam erroneamente ao bolchevismo). Na história do anarquismo – se levamos em conta seus 150 anos – dificilmente encontraremos uma postura significativa historicamente que reivindique o pacifismo (Tolstoi teve pouca ou nenhuma relevância concreta no anarquismo) ou pior, que tenha abandonado a ideia de revolução. No entanto, para Hakim Bey “uma postura realista exige não que desistamos de esperar a ‘Revolução’, mas também que desistamos de desejá-la.” Tal slogan caberia sem problemas numa propaganda comercial, mas era difundida por um rebelde sem qualquer projeto político consequente. Para este “na maioria dos casos a tática mais radical será a recusa de participar da violência espetacular, retirar-se da área da simulação, desaparecer” (Bey, s/d, pp.6-7.) Quem admitiria ser possível, enquanto militante inserido nas lutas populares simplesmente “optar” por fugir do enfrentamento com a ordem vigente? A história da anarquista estado-unidense Lucy Parsons, presa três vezes somente nos desdobramentos dos acontecimentos de Haymarket demonstra que essa “opção” não está posta aos que se envolvem na luta revolucionária quando o sistema deseja lhes atingir.

Centenas de respostas a esse absurdo poderiam ser fornecidas usando a larga tradição anarquista (ou a história de vida de centenas de militantes), mas me restringirei a uma frase clássica do “sisudo” e nada divertido Mikhail Bakunin que ao contrário da ideia de “retirar-se” do enfrentamento aponta a necessidade de constituir uma força real, que possa enfrentar a burguesia e o Estado.

É verdade que há [no povo] uma grande força elementar, uma força sem dúvida nenhuma superior à do governo e à das classes dirigentes tomadas em conjunto; mas sem organização uma força elementar não é uma força real. É nesta incontestável vantagem da força organizada sobre a força elementar do povo que se baseia a força do Estado. Por isso o problema não é saber se o povo pode se sublevar, mas se é capaz de construir uma organização que lhe dê os meios de se chegar a um fim vitorioso – não por uma vitória fortuita, mas por um triunfo prolongado e derradeiro. (Bakunin, Maximoff, 367, 70).

 

            Em “Post-anarchist anarchy”, Hakim Bey ao avaliar os limites da base social do anarquismo (a avaliação destes limites em si é correta, sua proposta não) acredita que a solução para isso seria pinçar a luta de onde ela foi derrubada pelo situacionismo em 68 e o autonomismo nos anos 70 e levá-la a um novo patamar. Nenhuma palavra sobre os comitês de fábrica de 1968, nenhuma palavra sobre a organização operária, que dirá das diversas organizações anarquistas que se espalham no mundo, especialmente depois da Segunda Guerra Mundial. O passado de uma rica história de lutas parecia apenas um “antiquário” a ser superado pelo “novo”.

            Reiterando velhos estereótipos sobre o anarquismo (como por exemplo, uma ideologia supostamente anti-política), Bey propunha um “programa” de nove pontos, que de maneira muito resumida consistiam em “participação imaginativa em outras culturas”, “abandono da pureza ideológica”, adesão ao “anti-trabalho”, “pornografia e entretenimento como veículos de uma re-educação, criação de uma música “nova e insana”, necessidade de um “anarquismo místico e democratização do xamanismo”, “glorificação literal dos sentidos”, abandono do “esquerdismo” e adesão ao “terrorismo poético” e por fim, uma “cartografia da autonomia”. Hakim Bey assim, incidiu naquele momento no mesmo erro que levou muitos socialistas desiludidos à engrossarem as fileiras da direita: ao invés revigorarem determinados pontos de sua ideologia, passam a negar seus aspectos centrais com uma suposta “renovação teórica” (que não só desconhece a teoria anterior, mas a renega completamente).

            Apesar de Hakim Bey não ter nenhuma expressão social, suas ideias encontraram terreno fértil no já desgastado e com restrita base social anarquismo estado-unidense (no Brasil suas ideias chegaram 10 anos mais tarde).

Parecia a esses anarquistas que o classismo era apenas uma coisa obsoleta de que os anarquistas teriam de se livrar para serem verdadeiramente anarquistas (quando historicamente foi justamente o contrário). A ponto, de em 1995 o anarquista Murray Bookchin ter constatado que no caso do anarquismo norte-americano daquele período “os objetivos sociais e revolucionários do anarquismo vêm sofrendo um amplo desgaste, a ponto de a palavra anarquia estar se tornando parte do elegante vocabulário burguês do século XXI – desobediente, rebelde […] mas […] inofensivo.” (BOOKCHIN, 2011, p. 48).

            Um exemplo desse desgaste se dá com a transformação no significado de algumas palavras-chaves da tradição anarquista em determinados círculos individualistas, grupos de afinidade ou anti-organizacionistas. Autogestão, por exemplo, palavra surgida no calor dos anos 60, significava fundamentalmente, trabalhadores de uma fábrica controlando coletivamente esse espaço de produção. Ação direta sempre significou a ação coletiva, sindical e de classe de trabalhadores, sem acreditarem na democracia burguesa. O boicote, outra arma histórica (do início do século XX) significava originalmente uma ação de classe contra determinados patrões. A autonomia significava as regras construídas coletivamente pelos operários dentro de um sindicato, uma organização anarquista ou simplesmente, a maneira que os trabalhadores tinham para dizer que eles próprios, gostariam de estabelecer suas próprias regras. Sob o império do efêmero e da privatização do indivíduo, típico da onda neoliberal e sua contrapartida espuma teórica evasiva, autogestão significaria apenas o “faça você mesmo” (restrito sempre ao indivíduo ou ao grupo de amigos), o boicote, uma opção individual e a autonomia uma desculpa para não se submeter a nenhuma disciplina coletiva (“faz o que tu queres, pois é tudo da lei”).

            O terreno dos significados estava preparado para a adoção da cereja em cima do bolo pelos individualistas: a de que o anarquismo não é nem de esquerda nem de direita ou de que o anarquismo é contra qualquer tipo de política (explicaremos isso mais adiante). Para afirmar esse mito – como vimos – é preciso negar 150 anos de uma tradição de luta organizada no campo e na cidade e obscurecer um tronco histórico claramente socialista. Um socialismo anti-capitalista e anti-estatista, mas um socialismo, do tipo libertário. Que no terreno real enfrentou seus adversários com honradez e combateu seus inimigos de classe sem trégua. Este foi o caso da Federação Anarquista Uruguaia, organização fundada em 1956 e que passou por uma ditadura constitucional e foi posta na ilegalidade em 1967. A FAU enfrentou a ditadura militar de 1973 e conseguiu durante o período de sua atuação, organizar um aparato armado (OPR-33) responsável por expropriações e ação direta avançada. Organizou uma tendência política que reunia milhares de integrantes e foi uma das fundadoras da primeira central sindical no Uruguai.

            Cabe dizer, que na metade dos anos 90, essa tradição anarquista (classista), intitulada à época de especifismo anarquista, chegou ao Brasil, constituindo-se num longo processo de organização que à época teve de se confrontar com algumas ideias difundidas por autores fora da tradição classista do anarquismo.

 

 

Anarquismo nem direita nem esquerda?

 

            Tentamos demonstrar nos parágrafos anteriores, como o anarquismo possui uma história determinada e que os argumentos a favor da tese de que o anarquismo não é nem de esquerda nem direita têm de recorrer a contorcionismos que ignoram quase toda a história desta tradição política.

            Acreditamos que sem dúvida alguma, as sociedades contemporâneas são obviamente mais complexas que as precedentes, questões fundamentais ainda permanecem atuando e determinando a estrutura social (exploração de classe, opressões raciais/étnicas, de gênero etc.) e que a incorporação de ferramentas teóricas e analíticas diversas pode contribuir enormemente na análise social. Contudo, a topologia esquerda e direita, em nossa opinião, não deve ser abandonada, mas sim (tal como uma bússola) atualizada e enriquecida com outros elementos, tornando as coordenadas (e seu instrumento) mais complexas e precisas (como, por exemplo, debater o que distingue uma esquerda revolucionária da esquerda reformista). A incorporação de novos conceitos ou a mudança no significado determinados conceitos também faz parte deste processo. Os conceitos não possuem significados “escritos na pedra”. Apesar de termos feito toda uma digressão histórica para confrontar tal ideia absurda de “nem esquerda nem direita”, precisamos refletir sobre qual é a importância de alguns afirmarem que na Revolução Francesa, a díade “esquerda” e “direita” significava a “conquista do Estado”? Será então que não podemos usar mais esse termo porque supostamente o “pecado original” foi cometido? Não devíamos nos preocupar, com o que este termo significa hoje?

A incorporação de novos termos, conceitos e ferramentas faz parte de qualquer ideologia preocupada em se adaptar ao seu tempo e realidade. E sempre haverá conceitos compartilhados ou em disputa, porque a esfera política é o lugar da disputa por excelência.

Como apontado por diferentes pesquisadores a ênfase na questão de classe pode ser observada ao longo dos 150 anos do anarquismo, mas isto não significou um foco restrito na economia e nem um economicismo. Os anarquistas (com raras exceções) nunca foram “obreiristas”, concedendo ao operário industrial alguma espécie de privilégio enquanto sujeito revolucionário. O anarquismo tentou, com os limites de cada contexto (e das suas abordagens), levar a sério os problemas específicos enfrentados por trabalhadores e trabalhadoras, como a opressão de nacionalidade, raça e gênero. Ainda que, obviamente ninguém enquanto revolucionário/a possa afirmar que esses problemas foram suficientemente resolvidos pelo anarquismo na história e que não há mais nada por se debater.

Greve na primeira república

            Outro argumento para afirmar que o anarquismo não é nem de esquerda e nem de direita se sustenta na ideia de que o anarquismo é contra o poder e a política, e que isso bastaria para afirmar que é uma corrente política distinta de todas as outras porque nega a tomada do Estado. E como todos os grupos políticos de esquerda e direita buscariam o poder e deste modo, exercendo uma política específica para conquistar esse poder, o anarquismo estaria fora desse espectro. Como bem apontado por Felipe Corrêa, no artigo Poder e Anarquismo, “se o poder for conceituado em termos de dominação e/ou Estado, obviamente se pode dizer que os anarquistas foram e são historicamente contra o poder”. Para Corrêa, a “maioria dos clássicos anarquistas dava ao conceito de poder um conteúdo restrito de Estado e/ou dominação; por isso se diziam contrários a ele”. Em resumo, quando os anarquistas “afirmaram ser contra o poder, eles utilizavam o “termo” ‘poder’, para se referir, de fato, a um ‘certo tipo de relação de poder’ que é a dominação (gênero, raça, étnico-nacionais) e a exploração/dominação de classe (capitalismo) (CORRÊA, 2014). Baseando-se no anarquista Tomás Ibáñez, Corrêa sistematizará três abordagens sobre poder: 1) poder como capacidade, 2) poder como assimetria das relações de força, 3) poder como estruturas e mecanismos de regulação e controle. Corrêa afirma que levando em conta essas três abordagens, existe uma concepção libertária sobre o poder, que em nossa visão, objetiva dar capacidade a classe trabalhadora enquanto agente de mudanças sociais profundas, interferir na relação assimétrica de forças da atual sociedade e por fim, estabelecer novas estruturas e mecanismos de regulação (na sociedade de agora e na de amanhã).

O anarquista espanhol Julián Vadillo Múñoz (apud ZARCONE, 2015) afirmará com grande precisão que o anarquismo rejeita a política apenas no caso de se entender o termo política como “conquista do Estado”, mas que isso não significa que o anarquismo rejeite qualquer forma de ação política. Quando os anarquistas no início do século XX diziam que eram “contra a política” ou “apolíticos” referiam-se contextualmente, a política eleitoral dos partidos, não qualquer forma de política, pois esses mesmos anarquistas desenvolveram formas de ação política em sindicatos durante todo o período histórico aqui compreendido. A “política dos anarquistas não se esgota na luta contra as instituições existentes. […] Ela também inclui a luta pela construção de outro tipo de sociedade.” (ZARCONE, 2005), coisa que foi feita na prática em pelo menos quatro episódios históricos: a Revolução Mexicana (1911), a Revolução Ucraniana (1921), a Revolução na Manchúria (1929), a Revolução Espanhola (1936). Para horror dos anti-organizacionistas, as revoluções não são como role-playing games (RPG’s), onde se pode fantasiar o cenário perfeito (como nos fóruns de internet, por exemplo) e manter-se distante da “praga do poder”. Em eventos concretos, o anarquismo tem de lidar com ações concretas e ver como a sociedade tem de organizar a vida, como diminuir ou eliminar as assimetrias de poder e como constituir-se em força social relevante. Eleger comandantes militares (como Nestor Makhno e Kim Jwa-Jin, controlados pela base, mas comandantes), justiçar criminosos de guerra, manter uma fábrica funcionando, ajudar a organizar uma greve e principalmente (era essa a maior preocupação de Kropotkin) saber como farão para garantir pão, terra e liberdade para milhares ou milhões de trabalhadores foram uma das preocupações daqueles e daquelas que tiveram uma visão clara sobre a política e o poder.

As expressões históricas do anarquismo não ocorreram como um levante espontâneo das massas e sim, foram fruto de um trabalho em entidades de massa com um programa político e popular que atendia suas necessidades.

            A ideia de que o anarquismo é um sentimento anti-autoritário inscrito no tempo também ignora os complexos modelos políticos que anarquistas criaram ao longo do tempo e as inúmeras formas organizativas construídas pelos anarquistas. A ideia de que o anarquismo é apenas uma luta contra a autoridade parece ser mais ampla e generosa enquanto conceito e supostamente abrigaria mais diversidade ao anarquismo. Mas sua excessiva frouxidão e a-historicidade causam justamente o efeito contrário: dá destaque a figuras obscuras como Stirner, Godwin, Tolstói e até Lao-Tse, projetando qualquer intelectual que jamais tenha ajudado a organizar trabalhadores e ignora centenas de trabalhadores que forjaram materialmente a ideologia anarquista. Esse conceito ignora ou coloca em segundo plano os verdadeiros artífices da bandeira vermelha e negra do anarquismo: trabalhadoras e trabalhadores anônimas/os que contribuíram muito além de textos intelectuais ou panfletários, mas sofreram em carne e osso as consequências de sua oposição ao Estado e ao capitalismo.

            Tal é a substância do anarquismo. Sua raiz de esquerda anti-capitalista, anti-estatista e libertária e que ajudou a promover processos revolucionários políticos e sociais de incidência global. É este anarquismo, que segue como uma tradição política viva, envolvendo militantes no campo e na cidade [1] e que consequentemente rejeitam ou rejeitarão a tese absurda de que o anarquismo não é nem de direita nem de esquerda.

Certamente, todos/as aqueles/as que desejam transformar a realidade radicalmente e dedicar tempo e energias para isso, jamais cairão neste engodo de considerar tal ideologia, como algo que não está localizado em lugar nenhum

 

 

 Referências

BAKUNIN, Mikhail. Necessidade da Organização. Disponível em < https://anarquismorj.wordpress.com/necessidade-org-mikhail-bakunin/>

BEY, Hakim. “Post-anarchism Anarchy”. New York, 1987. Disponível em <https://theanarchistlibrary.org/library/hakim-bey-post-anarchism-anarchy>

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BOBBIO, Norbert. Direita e Esquerda: razões e significados de uma distinção política. São Paulo: Editora Unesp, 2011.

CORRÊA, Felipe. Poder e anarquismo. In Anarkismo.net, 2014. Disponível em <https://www.anarkismo.net/article/26913>

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CORRÊA, Felipe; SILVA, Rafael Viana da. “Anarquismo, Teoria e História” In Instituto de Teoria e História Anarquista (ITHA), 2013.

DANTON, José Antonio Gutiérrez. Problemas e Possibilidades do Anarquismo. São Paulo: Faísca, 2011.

GUERÍN, Daniel. Anarquismo e marxismo. In Marxists.org, 1973. Disponível em < https://www.marxists.org/portugues/guerin/1973/11/06.htm>

KANAAN, Hanen Sarkis. O fim da história e o último homem. In. Revista Percursos, v. 6, n. 1, 2005.

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MAZOWER, Mark. Continente sombrio. A Europa no século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. Pp. 213-247

ROCKHILL, Gabriel. A CIA lê a teoria francesa: sobre o trabalho intelectual de desmantelamento da Esquerda cultural. In Passa Palavra, 2017. Disponível em < http://passapalavra.info/2017/03/110892>

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ZARCONE, Pier F. “Anarquistas e Política”. In: Anarkismo.net, 2005. Disponível em <http://www.anarkismo.net/article/1071>

 

* Agradeço ao João Marat pela atenciosa revisão e seus comentários críticos ao texto.

Notas:

 

[1] Um exemplo de organização política anarquista (programática) que resgata esses valores históricos do anarquismo e possui uma estratégia política e transformação de longo prazo é a Coordenação Anarquista Brasileira (CAB), presente em 12 estados do Brasil e organizada por frentes de luta social.

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Written by Rafael V. da Silva

Professor de História.

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