Com informações de YpgRojava.org, Época Negócios, ANF News e ANF News [2],
O povo de Raqqa respira mais aliviado nesse dia de 17 de outubro de 2017: As Forças Democráticas Sírias (SDF), ampla frente militar coordenada pelos exércitos curdos YPG e YPJ, acabam de libertar toda a cidade das mãos do ISIS, que a controlava desde 2014.
A libertação da cidade foi confirmada pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos, e finalizada simbolicamente com o hasteamento da bandeira do YPG no estádio da cidade, último bastião dos jihadistas na cidade. Ao todo, segundo informações do Observatório, o conflito em Raqqa contabilizou 3,250 mortes, sendo 1,130 civis.
De Kobani a Raqqa: o heroísmo, a determinação e a força de um povo e projeto revolucionário
Antes cercados pelo Estado Islâmico em Kobani, no ano de 2014, amargurando uma derrota iminente para os jihadistas e a consequente instauração do terror fundamentalista islâmico de extrama-direita do grupo wahabita, hoje derrotando o ISIS em sua autoproclamada capital do califado. Contando com apoio da coalizão internacional e, em alguns momentos, também de outras forçs, como os russos, o próprio exército sírio e outros grupos árabes e muçulmanos, os curdos e as curdas travaram episódios de heroísmo, superação e de reiteradas vitórias sobre o ISIS desde a defesa de Kobani há 3 anos.
Diversas aldeias, povoados, províncias e cidades foram, dia após dia, mês após mês, na Síria e no Iraque, sendo libertadas das atrocidades do ISIS pelas forças cudas. Na medida em que ia sendo derrotado o violento ultra-conservadorismo muçulmano, que submetia mulheres, crianças como escravas sexuais, que perseguia com tortura e morte, das piores formas possíveis, gays e outras minorias, as curdas e os curdos iam implementando uma nova plataforma política baseada no Confederalismo Democrático, alicercado por princípios de iguaidade étnica, de gênero, de autodeterminação de povos, de democracia de base, de ecologia, de feminismo e de socialismo libertário.
Para cada cidade ou província libertada, conselhos civis e militares eram criados e instalados com uma ampla participação popular, étnica e feminina dos moradores locais, como forma de organização política e de defesa desses territórios que outrora estavam submetidos à ditadura sanguinária do ISIS.
Um duro golpe para o Estado Islâmico
Após a expulsão do grupo de Mossul, principal cidade que controlavam no Iraque, Raqqa é a outra grande derrota do ISIS. O grupo que controlava a maioria do território sírio, numa presença que ia desde a fronteira com a Turquia e chegava à fronteira com a Jordânia e o Iraque, hoje tem sua presença resumida uma pequena parcela da cidade de Deir EzZor, na Síria (última grande cidade síria onde está presente), nas cercanias de Damasco e em algumas cidades pequenas e regiões desérticas ao sudeste sírio e noroeste/oeste iraquiano.
Histórico da Operação Fúria (ou Ira) de Eufrates, lançada pelas SDF almejando a captura de Raqqa
Lançada em novembro de 2016 e com o apoio da Coalizão Internacional, liderada pelos EUA, a “Operação Fúria de Eufrates” atingiu o seu objetivo principal.
Com cerca de 40 mil combatentes, as SDF executaram essa operação militar dividindo-a em 5 fases, as quais previam um isolamento da cidade de territórios ao norte, isolamento da cidade dos territórios ao oeste, isolamento da cidade ao leste, a captura da importante cidade de Tabqa e, por fim, o assalto à própria cidade de Raqqa, que deu início em junho de 2017.
Dentre as cidades e regiões mais importantes recapturadas nessa operação, destacam-se Jabar, a estrada que liga Raqqa de Deir EzZor e Tabqa. Jabar porque era o maior centro de fornecimento e armazenamento de armas e munições do ISIS na região noroeste do país; a estrada, porque rompeu a ligação da capital do ISIS com outra cidade importantíssima para os jihadistas, Deir EzZor; e Tabqa, porque é uma das maiores cidades do país e por abrigar a maior barragem da Síria, instalada no Rio Eufrates.
IMAGENS DO CURSO DA OPERAÇÃO LANÇADA EM 2016