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INSUMOS PARA PESQUISA

 

 

INSUMOS PARA PESQUISA

SOFRER BULLYING NÃO EXPLICA:
BREVE LEVANTAMEMTO E CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE OS CASOS DE ATAQUES À ESCOLAS

 

Catarina de Almeida Santos[1]

Letícia Oliveira[2]

 

Embora os ataques às escolas no Brasil apresentem causas e características diversas, os dados apontam que a onda recente está majoritariamente relacionada a grupos de ódio que atuam online. O planejamento do massacre de Realengo, até hoje o ataque com maior número de vítimas, foi incentivado e planejado em fóruns de ódio misógino, racista e lgbtfóbicos e fez 13 vítimas fatais adolescentes, dentre quais 83% eram meninas. 

Para além do uso de simbologia vinculadas ao extremismo, como suásticas e a máscara de caveira[3], alguns dos autores de atentados se declaravam nazistas, como é o caso de G.T.M., um dos autores do massacre de Suzano, H. L. T., preso pela tentativa de ataque contra a escola Eber Louzada Zippinotti, em Vitória-ES, o autor do ataque à Escola Municipal Eurides Sant’anna em Barreiras-BA, que inclusive publicou um manifesto onde dizia que desejava que o Brasil tivesse um governo “nacional-socialista”, o autor do atentado à Escola Municipal Vista Alegre, que também deixou uma carta onde desenhou diversos símbolos de ódio e disse que era “movido bj opelo ódio e rancor” (sic) e se sentia “superior aos demais”.

 Durante a onda de ataques a escolas ocorridas entre os meses de março e abril de 2023, foi possível constatar que ao menos 6 dos autores de ataques ou tentativas de ataques a escolas a partir do segundo semestre de 2022 faziam parte da chamada TCC[4] (True Crime Community)[5] tanto no twitter quanto no Discord.

Nesse sentido, em que pese todo debate acerca do bullying, suas consequências e desdobramentos na violência na e contra às escolas, os dados de monitoramento dos grupos e comunidades de ódio na internet, no Brasil e em outros países, apontam que o fenômeno em análise é complexo e não pode ser resumido a bullying. Este último, inclusive, não pode ser tão banalizado e carece de um debate mais profundo.

Se tratando de um fenômeno complexo, as políticas e ações para debelá-lo não pode sem simplistas e carece de um trabalho intersetorial, além de um olhar sério, sensível a assertivo para suas motivações.

Os dados que seguem faz parte do trabalho que desenvolvemos sobre o fenômeno e busca sistematizar os dados sobre o tema, mostrando, inclusive os números assustadores do 2023, o que indica a necessidade não só da continuidade de estudos, mas também de políticas efetivas que protejam as crianças, adolescente e jovens dos ataques, mas também que impeça que novos aconteçam, além de uma formação contra as violências estruturais da nossa sociedade, que levam os alunos e ex-alunos a querem atentar contras as escolas e seus integrantes.

 


 
 
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Written by catarina