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O Machismo volta a imperar: desta vez com porretes, pedras e facas

Mulheres participantes do Encontro Nacional de Mulheres foram agredidas na Argentina.

No dia 16 de outubro de 2017, um grupo de mulheres que esperavam os micro-ônibus para retornarem às suas cidades, após terem participado do Encontro Nacional de Mulheres na cidade de Resistencia, Provincia de Chaco, Argentina, foram atacadas por grupos de vizinhos auto-organizados da cidade. O comitê organizador do Encontro responsabilizou as autoridades e exigiu que aqueles que “organizaram uma emboscada planejada” sejam investigados.

A Comissão Organizadora do 32º Encontro Nacional de Mulheres repudiou “a agressão e perseguição das mulheres na cidade de Resistência”. No horário da tarde, na proximidade da praça 25 de Maio, “um grupo de homens e mulheres auto-organizados perseguiu e agrediu verbal e fisicamente com porretes e pedras mulheres que esperavam seus ônibus para retornar tranquilamente às suas cidades”. O Comitê Organizador do Encontro foi até o local onde ocorreram as agressões para ajudá-las  e socorrê-las e algumas delas também acabaram sendo feridas.

As organizadoras do Encontro denunciam que “esta manobra foi claramente uma emboscada planejada, pois os agressores faziam parte de uma convocatória de grupos de vizinhos auto-organizados que acontecia ao redor da praça, onde foi realizado o ato de encerramento do evento, para se posicionar contra a realização do Encontro Nacional de Mulheres. Ou seja, eles estavam esperando o momento de dispersão das participantes do evento após o término da cerimônia de encerramento do 32ª ENM para atacá-las. Isso foi um ato violento diante da impotência de não poder argumentar que um evento de tal magnitude tenha sido realizado com total tranquilidade, e um claro exemplo da violência machista contra as mulheres que são a favor de seus direitos e liberdade “. Isso nos mostra que justamente, após esse ato de agressão e violência contra as mulheres, esses Encontros de Mulheres e o feminismo em si, são a cada vez mais e mais necessários para que as mulheres possam se organizar entre elas e combater esses ataques.

Um dos agressores segurando uma pedra.

As participantes do evento tiveram de se refugiar em edifícios próximos, pois os agressores as perseguiram com motocicletas, pedaços de pau, pedras e facas. Não podemos esquecer que não tinha seguranças ou guardas ao redor do local onde aconteceram as agressões e que os vizinhos e passantes que se encontravam nas ruas nesse momento não fizeram absolutamente nada para proteger ou defender o grupo de mulheres que estava sendo agredido. Ao contrário, algumas dessas pessoas que estavam no local como testemunhas se tornaram cúmplices e começaram elas também a agredir verbalmente as mulheres perseguidas, concordando então com a atitude lastimável e inaceitável dos agressores.

Denunciamos que essa concentração tinha de fato uma logística repressiva clara, protegida por ruas sem a presença de sequer um guarda de segurança e com o objetivo claro de agredir fisicamente as mulheres que ainda estavam na cidade depois de terem participado do evento.

Mulheres participantes do Encontro Nacional de Mulheres foram agredidas na Argentina.

As integrantes do Comissão Organizadora do ENM conseguiram fugir do local do ataque com as mulheres e a se protegerem em casas privadas ao redor do bairro. Elas contam atualmente com o apoio legal da Comissão contra a Tortura e da Secretaria de Direitos Humanos. A partir de então, elas começaram a pedir a sindicatos e organizações que repudiassem esse ato de violência. As organizadoras do evento também exigiram que “o governo provincial cumpra imediatamente com o protocolo de segurança destinado a garantir a não agressão as participantes do Encontro” e que “investigue quais são os setores que elaboraram, planejaram e realizaram essa emboscada. Não vamos ficar de braços cruzados diante dessa terrível ação violenta”.

As organizadoras do Encontro declararam-se em estado de alerta e pediram que fossem enviadas todas as informações, testemunhas visuais, vídeos e fotos.

Ni una menos! Nenhuma a menos! Juntas somos fortes!

 

Fontes:

http://encuentrodemujeres.com.ar/repudio-a-persecusion-y-agresion-a-companeras-en-resistencia/

https://www.pagina12.com.ar/69581-el-machismo-aparecio-con-palos-piedras-y-cuchillos

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Written by Linda Soares

Fotógrafa, feminista e anarquista.